Para quem mora longe de uma universidade ou não pode ir à aula todos
os dias, a Educação a distância (EAD) parece ideal. Por isso, ela tem
conquistado tanto espaço. Em 2000, 13 cursos superiores reuniam 1.758
alunos. Em 2008, havia 1.752 cursos de graduação e pós-graduação lato
sensu com 786.718 matriculados, segundo a Associação Brasileira de
Educação a Distância (Abed). A modalidade de ensino usa ambientes
virtuais, chats, fóruns e e-mails para unir professores e turmas. Assim,
quem é de Ribeirão Cascalheiras, a 900 quilômetros de Cuiabá, por
exemplo, pode se formar em Pedagogia pela Universidade Federal do Mato
Grosso (UFMT), que mantém um polo na cidade.
As experiências no
ensino a distância por aqui começaram no início do século 20, com cursos
profissionalizantes por carta, rádio e, mais tarde, pela TV. Só com a
internet e a banda larga, eles se tornaram viáveis na graduação e na
pós.
Apenas recentemente começamos a apostar na EAD como uma saída
para suprir a demanda por formação superior no país. Criada em 2005, a
Universidade Aberta do Brasil (UAB) tem como prioridade a formação
inicial de professores da Educação Básica pública, além de formação
continuada aos graduados. Por meio de parcerias entre 38 universidades
federais, a UAB oferece 92 opções de extensão, graduação e
pós-graduação.
Poucos formados e falta de fiscalização preocupam
Estudo
de 2007 capitaneado por Dilvo Ristoff, então diretor do Departamento de
Estatísticas e Avaliação da Educação Superior do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), comparou os
resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade/2006)
nas modalidades presencial e a distância. Das 13 áreas em que o
confronto foi possível, os de EAD se saíram melhor em sete: Pedagogia,
Biologia, Física, Matemática e Ciências Sociais, além de Administração e
Turismo. Isso mostra que o fato de as aulas serem a distancia não
significa que elas sejam de pior qualidade.
No entanto, é forte a
desconfiança no mercado de trabalho em relação aos egressos dessa
modalidade. Isso, em parte, por haver poucos diplomados. Dados do Inep
revelam que, enquanto a graduação presencial formou 736.829
profissionais em 2006, o ensino a distância contabilizou apenas 25.804.
Esse contingente ainda é pequeno para que as redes avaliem a competência
deles.
Além disso, especialistas apontam graves problemas na
forma como a EAD tem sido conduzida no país. No estudo Professores do
Brasil: Impasses e Desafios, da Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a coordenadora Bernardete
Gatti, da Fundação Carlos Chagas (FCC), relata que o governo federal
ainda não dispõe de aparato suficiente para acompanhar, supervisionar e
fiscalizar os cursos, fato que comprometeria sua qualidade. Outro ponto
frágil da política governamental, segundo o trabalho, seria a pouca
verba destinada aos tutores (que acompanham a aprendizagem dos grupos),
feito por meio de bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes), o que tornaria a qualificação dos profissionais
precária.
Para não entrar em uma arapuca, o importante é avaliar
as opções antes de se decidir. O documento Referências de Qualidades
para a Educação Superior a Distância, elaborado pelo Ministério da
Educação (MEC), indica o que você tem direito de saber antes de se
matricular:
- Métodos de ensino da universidade
- Tecnologias usadas
- O tipo de material didático usado
- Os tipos de interação disponíveis
- Quanto tempo leva para o tutor responder às dúvidas.
Outra
medida importante é verificar se a instituição está credenciada, se é
reconhecida e se já foi fiscalizada. Para isso, basta pesquisar no site
siead.mec.gov.br, que traz as instituições que oferecem graduação e pós
lato sensu a distância.